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terça-feira, 22 de julho de 2025

YORK: desponsório com a sublimidade de Deus

York: fachada principal
York: fachada principal
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Os primeiros cristãos que saíram das catacumbas depois do Edito de Constantino não fizeram uma nova civilização.

Eles simplesmente cristianizaram o Império Romano, aproveitando o que tinha de bom e tirando o que tinha de ruim.

E começaram a viver num contexto cultural católico que entretanto, não era uma nova civilização.

Na Idade Média, a Igreja inspirou um passo a mais. Ela inspirou toda uma nova civilização.

Tudo quanto previamente foi animado pelos católicos foi preservado pela Idade Média. Foi ciosamente recolhido como tesouro precioso.

Mas, foi acrescido algo inteiramente novo. Nasceu assim a grande tradição medieval.

O que foi esse “a mais” que puseram os medievais?

Os católicos medievais fizeram um peculiar desponsório de alma com o sublime.

Em primeiro lugar, eles como que foram especialmente chamados para considerar e ver a sublimidade de Deus.

Em segundo lugar, eles viram a sublimidade total de Deus.

A torre-lanterna típica do gótico normando foi adotada felizmente pelo gótico inglês
A torre-lanterna típica do gótico normando foi adotada felizmente pelo gótico inglês
Quer dizer, como que viram a sublimidade de Deus no seu totum, na sua totalidade e não apenas enquanto refletida num aspecto.

E porque viram a sublimidade de Deus considerada no seu conjunto, a cultura medieval ficou imersa no lirismo do sublime.

Eles ganharam a capacidade de considerar todas as coisas em função do sublime. Eles se identificaram com o sublime.

E esta identificação deu a clave do espírito medieval.

A catedral de York está ali a testemunhar esse desponsório dos católicos medievais com a sublimidade total de Deus.



História e estilo

A Catedral de York (York Minster, em inglês) é a maior catedral de estilo gótico do norte europeu, localizada na cidade de York, Inglaterra.

É a sede do Arcebispo de York e catedral da Diocese de York.

A primeira Igreja no local foi uma estrutura de madeira construída às pressas em 627 para o batismo de Eduíno, rei da Nortúmbria. Uma estrutura de pedra foi completada em 637 por Osvaldo da Nortúmbria e foi dedicada a São Pedro.

Reis da Inglaterra
Reis da Inglaterra no altar
Em 741, a igreja foi destruída por um incêndio. Foi reconstruída como uma estrutura ainda mais impressionante, contendo trinta altares. Houve uma série de arcebispos beneditinos, incluindo Santo Osvaldo, São Wulfstan e São Ealdred.

O estilo ogival nas catedrais tinha chegado na Inglaterra em meados do século XII. Então, o arcebispo Walter de Gray ordenou a construção de uma estrutura gótica que se comparasse à Catedral de Cantuária.

A construção da catedral de York, um dos polos religiosos e culturais da Inglaterra católica, teve início em 1220. Mas, só foi completada e consagrada em 1472.

Tem uma planta em forma de cruz, com uma sala capitular octogonal ligada ao transepto norte, uma torre central e duas torres na frente oeste.

A pedra usada para a construção um calcário de cor branco-creme, extraído na cidade vizinha de Tadcaster.

A catedral tem 148 metros de comprimento e cada uma das suas três torres tem 60 metros de altura. O coro, que tem uma altura interior de 31 metros, só é superado em altura, na Inglaterra, pelo coro da Abadia de Westminster.

É a maior catedral de estilo gótico do norte europeu.

Alguns dos vitrais da Catedral de Iorque remontam ao século XII. A Grande Janela Oriental, com 76 pés de altura, foi criada no início do século XV, sendo o maior exemplo de vitral medieval no mundo.

Outras janelas espetaculares da catedral incluem uma rosácea ornamentada e a janela "Cinco Irmãs", com cinquenta pés de altura. Devido ao grande período de tempo ao longo do qual o vidro foi instalado.

Diferentes tipos de envidraçamento e técnicas de pintura que evoluíram durante centenas de anos podem ser vistas nas diferentes janelas.

Há cerca de 2 milhões de peças individuais de vidro que compõem os 128 vitrais da catedral.

A Reforma Protestante saqueou grande parte dos tesouros da catedral e roubou grande parte das terras da arquidiocese católica que foi supressa e, por fim, usurpada por um arcebispo anglicano cismático.

Só uma vista aérea permite apreciar a grandeza e a beleza da imensa catedral
Só uma vista aérea permite apreciar a grandeza e a beleza da imensa catedral

A rainha anglicana Elizabeth I presidiu um esforço concertado para remover todos os traços da Igreja Católica Apostólica Romana da Catedral. Ocorreram muitas destruições de túmulos, janelas e altares.

Nos séculos XIX e XX foi feito um trabalho de restauração bem orquestrado que continua até os presentes dias.

Video: Catedral de York: maravilha da Cristandade





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terça-feira, 8 de julho de 2025

Basílica de VÉZELAY: harmonia, distinção e aspecto prático aliados à beleza

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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A fotografia apresenta a fachada da Basílica Santa Madalena em Vézelay (França).

É uma igreja monástica, admirável exemplo de arte românica do século XII.

Como é diferente das igrejas modernas!

A porta central é prática: bastante grande para as multidões poderem entrar e sair facilmente do edifício.

Ela é elevada, de maneira que permite a entrada de altos estandartes.

A coluna central da porta divide a multidão que entra, evitando de início que as pessoas caminhem numa só direção.

Que lindo simbolismo há nisso!

Nota-se acima da porta uma imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo — figurando que Ele divide as vias do homem em duas:

a da direita, do amor de Deus; e a da esquerda, da perdição.

Ele divide os caminhos humanos.

Na parte superior do templo, vemos um lindo trabalho de escultura em pedra.

Os construtores colocavam nas igrejas da época esculturas para ilustrar algum fato da História Sagrada, da História da Igreja ou da história de um santo.

Assim, ensinava-se religião aos que entram nos templos.

Por essa razão as catedrais medievais foram denominadas "Bíblias em pedra".

As colunas, com muita nobreza, suportam todo o peso do edifício. Suficientes, dignas, mas como um carregador que não se verga ao peso da bagagem.

Como são diferentes de tantas colunas modernas atarracadas!

Podemos dizer que harmonia e distinção são as notas dominantes do conjunto do edifício, ao qual não falta um aspecto prático.

A arquitetura medieval, tanto de estilo românico quanto gótico, é considerada por muitos estudiosos modernos a mais prática que houve na História.

Não há nada num edifício gótico, por exemplo, que não tenha uma razão de ser prática. Nele, entretanto, tudo é belo.

Poder-se-ia fazer um longo estudo para provar que todos os aspectos analisados na Basílica de Vézelay têm uma razão de ser prática, mas aliada à beleza.

Um fato histórico importante contribui para aumentar o renome dessa obra-prima do estilo românico: nela São Bernardo de Claraval pregou a segunda Cruzada, em 1146.


Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, em 10 de fevereiro de 1974. Sem revisão do autor.



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terça-feira, 24 de junho de 2025

As curas de REIMS: sinal do aprazimento de Deus com a monarquia francesa

Luis Dufaur
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O primeiro rei da França foi Clóvis, rei dos francos e esposo da princesa da Burgúndia, Santa Clotilde. São Remígio, bispo de Reims, celebrou missa com a catedral toda ornada.

Muito bonita para os gostos talvez um pouco bárbaros do tempo mas, enfim, a catedral estava toda ornada.

Quando o bispo entrou com o rei, Clóvis achou a igreja tão bonita que perguntou a São Remígio: “Meu pai, este é o reino dos céus?”

Conta a tradição que enquanto São Remígio sagrava Clóvis, apareceu uma pomba trazendo no bico um frasco de cristal com o óleo com o qual Clóvis deveria ser ungido.

Desde então, sistematicamente, todos os reis da França até Carlos X foram ungidos com esse óleo.

Foi um milagre de Deus fazendo uma pomba romper o “muro” invisível que separa a esfera sobrenatural da natural, e receber de um anjo esse frasco.

E vir para que um santo, São Remígio, fizesse a sagração do primeiro rei.

A ideia é de conferir algo de sagrado ao pináculo da ordem temporal que é o rei. De maneira que as duas ordens ‒ a espiritual e a temporal ‒ se tocam sem se confundirem nem se nivelarem.

A ordem temporal quando ela se põe no ápice de si mesma ela toca com o dedo no teto que é a ordem espiritual. E forma a bela continuidade das obras de Deus.

A unção conferida aos reis da França pelo bispo de Reims, sucessores de São Remígio, era um sacramental que dava aos reis da França uma qualidade participativa da ordem espiritual.

Havia antigamente uma doença da pele chamada escrofulose. É um nome horrendo para um mal horrendo também que produz na pele umas úlceras purulentas chamadas de escrófulas.

Essa doença era muito freqüente antigamente pela falta de remédios.

Até a queda da monarquia, quando terminava a coroação dentro da catedral com esplendor magnífico, com a flor da nobreza e todo o episcopado presente, os sinos da catedral de Reims revoavam fazendo ouvir em todos as redondezas a alegria da Igreja e da nação porque lhe tinha sido dado um novo rei.

Do lado de fora da igreja, um espetáculo doloroso e aflitivo se acumulava: eram os escrufulosos da França inteira que tinham ouvido falar que iria ser coroado um novo rei.

E acreditava-se pela tradição que quando o rei saísse da igreja de dentro daquele esplendor supremo e tocasse um por um os doentes dizendo: “Le roi te touche, Dieu te guérisse” (“o rei toca em ti e Deus te cure”, ele operava numerosas curas.

Podemos imaginar os pobres coitados que ficavam livres da doença como ficariam alegres. 

Era uma cena que quase repetia a alegria daqueles que foram curados por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Assim eram os lampejos de aparentes contradições formosíssimas em que se compraz a Igreja e o espírito católico.

“O rei toca em ti e Deus te cure”
De um lado esplendor, riqueza, luxo e poder difíceis de imaginar. 

Do lado de fora, colada na porta, uma miséria de fazer a gente chorar.

Mas, entre uma coisa e outra não há a infame luta de classes imaginada por Marx. 

Na ordem católica há colaboração das classes.

O rei é o pai dos pobres e por causa disso ele sai e com sua mão que acaba de ser ungida, ele toca a escrófula asquerosa de cada doente, e diz a fórmula: “o rei toca em ti ‒ ele não dizia que o rei te cura, mas ‒ Deus te cure.”

Como é bonito ver a majestade real curvar-se com afeto sobre cada filho escrufuloso e obter do Céu que pelo intermédio dessa mão que acaba de ser sagrada, a graça de Deus cure aquele pobre coitado.

Pobres e ricos, grandes e pequenos, ficavam unidos sem serem confundidos numa cerimônia dessa natureza.

(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, 5/10/94. Sem revisão do autor)




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terça-feira, 10 de junho de 2025

Gótico: estilo bom para restaurar a sociedade e a religião em crise, ensinou famoso arquiteto inglês – 2

Sala dos Lords, trono da rainha, Pugin
Sala dos Lords, trono da rainha, Pugin
Luis Dufaur
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Continuação do post anterior: Gótico: estilo bom para restaurar a sociedade e a religião em crise, ensinou famoso arquiteto inglês – 1





Pugin levou seu combate para o coração das cidades industriais de Birmingham e Sheffield, as quais achava “minas inesgotáveis de mau gosto”, infestadas de “edifícios gregos, chaminés fumegantes, agitadores radicais e dissidentes”.

A igreja de São Chad, que Pugin construiu em Birmingham no meio da sujeira do bairro dos fabricantes de armas, tornou-se a primeira catedral inglesa construída após a de Saint Paul.

Politicamente, Pugin poderia ser definido como um radical conservador.

A igreja de St Giles em Cheadle é um exemplo da arquitetura de Pugin
A igreja de St Giles em Cheadle
é um exemplo da arquitetura de Pugin
Ele queria reformar a sociedade levando-a de volta a uma hierarquia benigna, a um medievalismo romântico.

Nessa nova ordem medieval cada classe poderia olhar para aquela que lhe era superior e dela receber apoio, enquanto os de cima aceitavam a responsabilidade de proteger os que estavam embaixo.

Em 1841, ele publicou a segunda edição do Contrastes, acrescentando todo um panorama moral.

A cidade medieval, com seus capiteis graciosos e suas sólidas muralhas, era confrontada com o seu equivalente moderno de muros em cacos, capiteis em ruínas e o horizonte dominado por olarias e fábricas.

Seus imitadores – todos eles mais vulgares e despreocupados – lhe roubaram grande parte da clientela.

Seu trabalho no Parlamento de Westminster havia se tornado uma rotina monótona e mal paga.

Por uma triste ironia, seu último projeto, feito em janeiro de 1852, estava destinado a ser o mais famoso: a torre do relógio do Palácio de Westminster, o célebre Big-Ben.

Ele morreu em setembro de 1852, aos 40 anos de idade.


(Fonte: Rosemary Hill, autora de Arquiteto de Deus: Pugin e construção da Grã-Bretanha romântica (Penguin Ed.). Clarin Arquitectura, Buenos Aires, 2012/05/03)


Vídeo: Pugin: o arquiteto de Deus




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